quinta-feira, 24 de julho de 2014

Comércio dos bairros de Bauru



Jornal da Cidade de Bauru e região - 24/07/14 

Comércio nos bairros recebe projeto

Iniciativa da prefeitura em parceria com CDL, Acib, Sesc e Sesi, ‘Desenvolve no Bairro’ levará informação e lazer aos empreendedores

Tisa Moraes

Com menos de dois meses de experiência no comércio, Roseney dos Santos Piva, 47 anos, sonha ver seu negócio crescer, um bazar localizado no Núcleo Geisel, onde vende de itens de papelaria a roupas, calçados e bijuterias. Ex-cuidadora de idosos e ex-faxineira, ela decidiu se aventurar no ramo varejista com o desejo de conquistar autonomia financeira.

É para ajudar pessoas como Roseney que a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico lançará, em agosto, o projeto “Desenvolve no Bairro”. Trata-se de uma parceria com a Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) e a Associação Comercial e Industrial de Bauru (Acib) para levar informações aos empreendedores instalados fora da região central e corredores comerciais da zona sul. 

Por serem, em sua maioria, pequenos e micro empresários, a intenção é instrumentá-los a fim de que tenham condições de adotar estratégias para melhorar seus negócios e, principalmente, enfrentar um momento crítico de desaceleração econômica. Como possuem menos capital, são estes estabelecimentos que correm maior risco de fechar as portas quando há queda significativa no consumo como a atual, conforme destaca Paulo Roberto Martinello, presidente da Acib. 

“O lado positivo é que a grande maioria, hoje, saiu da informalidade. E isso favorece o acesso a uma multiplicidade de informações e serviços que os ajudam a continuar crescendo. Neste projeto, iremos apresentar estas possibilidades a eles”, comenta.

Segundo dados da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico, Bauru conta, atualmente, com cerca de 35 mil estabelecimentos comerciais, dos grandes aos pequenos. Destes, estima-se que 5 mil estejam localizados nos bairros. Trata-se de um grupo importante para movimentar a economia da cidade e que cresceu significativamente na última década. 

Por este motivo, passa, agora, a receber a atenção do governo municipal. “A secretaria está estendendo o trabalho que já vinha realizando no comércio central. O processo de descentralização do terceiro setor é visível e foi impulsionado pelo aumento do número de microempreendedores individuais nos últimos anos”, analisa o titular da pasta, Arnaldo Ribeiro. 

Demanda

Além de ser importante fonte de renda para estes pequenos empresários, a presença desta estrutura nos bairros também gera empregos e facilita a vida dos moradores, contribuindo, inclusive, para a redução do número de veículos nas áreas mais centrais. 

“Hoje, todos os tipos de comércio estão presentes nos bairros, como lojas de confecção, bancos, farmácias, salões, mercados e até mesmo restaurantes. Havia uma grande demanda que foi detectada por estes empreendedores, que descobriram fora do Centro uma forma de manter seu negócio com custos menores”, comenta Alceu Camargo, presidente da CDL.

Para contribuir com este importante segmento, o lançamento do projeto “Desenvolve no Bairro” foi integrado ao calendário de comemorações ao aniversário da cidade. O primeiro a receber a iniciativa será o Núcleo Mary Dota, região fora da área central e da zona sul que concentra o maior volume de estabelecimentos. 

Conforme levantamento da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico, o bairro contabiliza 830 lojas do varejo. Abertas ao público em geral, as atividades que oferecerão informação e lazer estão marcadas para o dia 9 de agosto, das 9h às 15h, na avenida Doutor Marcos de Paula Raphael.

Atendimento é diferencial para a ‘sobrevivência’


Sem experiência no varejo, Roseney dos Santos Piva, 47 anos, aposta no atendimento personalizado para que sua loja do Núcleo Geisel – onde vende de quase tudo - possa começar a crescer. Moradora antiga do bairro, ela pretende estabelecer uma relação de proximidade com a clientela para atrair cada vez mais compradores. 

A meta é conquistar autonomia financeira com o negócio. “Por enquanto, está dando para cobrir os custos. Ainda não estou tendo lucro, mas estou otimista. Já tinha trabalhado com venda de calçados por dois anos, em casa, até que surgiu esta oportunidade”, conta.

Após vender o próprio carro, comprou o ponto de um antigo comerciante e, sem qualquer formação em gestão ou empreendedorismo, se lançou ao novo desafio. “Já fui cuidadora de idosos, faxineira. O importante é não ter medo de tentar. E estou gostando da experiência”, frisa.

Já a cabeleireira Maria Eliane Salgado Gerônimo, 39 anos, está há 12 anos tomando conta do próprio negócio. Há um ano, ela e o marido, Erasmo Carlos Gerônimo, 44 anos, se mudaram de Piraju para Bauru e abriram um salão no Núcleo Geisel, onde têm conseguido fidelizar os clientes com o que a cabeleireira chama de “jeito de trabalhar”. 

“Principalmente por se tratar de um serviço que mexe com a autoestima e a beleza da cliente, ela precisa receber toda a atenção possível. O trabalho feito com dedicação reflete inclusive na qualidade do resultado”, comenta. E Erasmo, que formou-se como cabeleireiro há três anos, acrescenta: “pontualidade também é importante”.

10 mil MEIs em Bauru

Segundo dados da prefeitura, Bauru conta, atualmente, com cerca de 9,6 mil microempreendedores individuais (MEIs), sendo que grande parte deles está concentrada nos bairros da cidade. A figura do MEI foi criada há cinco anos, mas existem, ainda, outros 15,3 mil estabelecimentos do varejo e 9.877 prestadores de serviço em Bauru que não estão enquadrados nesta classe empresarial.

Por lei, o MEI pode faturar, no máximo, R$ 60 mil por ano e ter apenas um empregado contratado que receba o salário mínimo ou o piso da categoria. Dentro destas condições, o microempreendedor individual fica enquadrado no Simples Nacional e isento dos tributos federais (Imposto de Renda, PIS, Cofins, IPI e CSLL). 

Assim, paga apenas o valor fixo mensal de R$ 37,20 (comércio ou indústria), R$ 41,20 (prestação de serviços) ou R$ 42,20 (comércio e serviços), que será destinado à Previdência Social e ao ICMS ou ao ISS. Com essas contribuições, o MEI tem acesso a benefícios como auxílio maternidade, auxílio doença, aposentadoria, entre outros. 

E, registrado no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ), tem a possibilidade de, em nome da empresa, abrir conta bancária, obter empréstimos e emitir notas fiscais. 

Próximos locais

Ainda neste mês, a intenção é levar o projeto “Desenvolve no Bairro” para a região do Núcleo Geisel/Redentor e, na sequência, para o Núcleo Edson Francisco da Silva, o Bauru 16. Trata-se de uma ação de empreendedorismo conjunta com a CDL e a Acib, e que contará com o apoio do Serviço Social da Indústria (Sesi) e Serviço Social do Comércio (Sesc).

“Teremos o Banco do Povo, a Sala do Empreendedor, cursos, palestras, exposições e vivências voltadas à prática de atividades físicas e esportivas. Tudo para estimular e informar estes pequenos empresários a melhorar seu negócio”, completa o secretário municipal de Desenvolvimento Econômico, Arnaldo Ribeiro.

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