sexta-feira, 30 de março de 2012

A viela que virou selo

A Revista COFI - Correio Filatélico em sua edição de  223, publica reportagem sobre os Novos modelos de selos personalizados. Na matéria é destacada a homenagem à Viela do "Seu" Osmar, transformada em selo. Para ver a página da revista e ler a matéria clique sobre a imagem para ampliá-la.

Nossos parabéns ao "Seu" Osmar pela merecida homenagem.

domingo, 25 de março de 2012

As vielas/jardim do NOVO JARDIM PAGANI


Osmar Antonio Godoy e Adalgizo Martins, moradores do Novo Jardim Pagani, querem que as vielas sirvam de exemplo para ações similares no bairro

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Plante seu jardim

Moradores mostram que com boa vontade é possível tornar as ruas da cidade um espaço mais bonito e agradável de viver

Wanessa Ferrari

Era uma vez uma viela

Osmar Antônio Godoy aprendeu, com seus 67 anos de vida, que viver não basta. É preciso ser feliz, ter sonhos e ir em busca deles. Ser apenas mais um neste mundo não o interessa. Ele quer fazer a diferença. 

E foi justamente essa a motivação para que ele decidisse transformar a viela localizada próxima a sua casa, no Novo Jardim Pagani, em um belo jardim, cheio de flores, sombra e borboletas.

A iniciativa foi posta em prática em meados de 2010, mas o projeto era parte de um sonho antigo.

“Eu via aquela viela toda cheia de mato, entulho e animais peçonhentos e não me conformava. Como podia morar em um lugar com uma paisagem como aquela. Por isso, resolvi fazer minha parte e dar o exemplo”, conta.

A primeira etapa da transformação foi a limpeza da viela, que teve apoio de algumas empresas de iniciativa privada. Do local foram retirados muitos baldes de caramujos africanos e quilos de entulho.

“Depois, desenhei o modo como eu queria que a viela ficasse e comecei o trabalho. Fiz as guias, plantei flores, dei toda a manutenção necessária, e ainda consegui patrocínio para parte dos custos. A ajuda foi pouca, mas essencial”, relata.

Processo que está registrado tim-tim por tim-tim nas páginas de uma pasta cheia de fotografias, recortes e registros, que ele leva debaixo do braço e tem na capa a seguinte descrição: “aqui está a dedicação, o esforço e a perseverança de quem quer e faz”.

A viela foi solenemente inaugurada em 19 de fevereiro de 2011 e hoje serve de inspiração para outras do bairro. Vendo o trabalho que teve – e ainda tem para manter a viela-jardim -, seo Osmar sente orgulho e tranquilidade.

“Gosto de me sentar aqui no chão, aproveitar a sombra, conversar com as plantas e refletir”, conta, sereno.

E quem ousa dizer que ele está errado? Afinal, já diz o ditado: o que se leva da vida é a vida que se leva.

Paixão e terapia
 
“Preocupo-me muito com a viela. Fico pensando o que será dela quando eu me for. Meus filhos já estão criados, mas a viela... Ela depende de mim”. É com essa frase que Marlene Baruffaldi Stevanato deixa transparecer a relação de paixão que construiu ao longo de 22 anos com a viela localizada em frente a sua casa, no Jardim Pagani.
Tudo começou quando, inconformada com o abandono do local, Marlene decidiu tomar a iniciativa e transformar o espaço em um belo jardim.
“Tirei umas 50 carroças de entulho”, lembra.
A princípio, o trabalho não recebeu apoio da família. Seu marido costumava dizer que o trabalho seria vão, afinal, a viela era pública. Com o falecimento dele, Marlene encontrou no trabalho uma terapia.
“Decidi fazer as coisas que pensava e gostava. A partir daí, não me importei mais com a opinião dos outros. Faço o que considero certo”, justifica.
Aos poucos, Marlene comprou algumas mudas de flores e as plantou no local. Muitas foram roubadas e ela pacientemente as substituiu. Com o tempo, o jardim conquistou o respeito da vizinhança e hoje serve de exemplo para outros locais do bairro.
“É minha paixão. Passou horas aqui, varrendo, aguando, podando... Gosto deste trabalho e como não trabalho fora, sinto-me na obrigação de ajudar o bairro de alguma forma. Mas, caso eu falte um dia, já estou preparando meu sucessor”, brinca, apontando o vizinho Ronaldo Pereira.
Nas horas de folga, Marlene aproveita para colher o que plantou. Usa a sombra das árvores da viela para ler um livro e conversar com os amigos.
“É uma delícia. Quando eu morrer, vão me ver por aqui, cuidando da viela e desfrutando dela”, promete, brincando.