domingo, 7 de abril de 2013

PROJETO: reurbanização das vielas do bairro


Vielas do Novo Jardim Pagani serão reurbanizadas

Projeto que já está na Secretaria de Obras foi elaborado pela Semma após reuniões com a Associação de Moradores

Ana Paula Pessoto
         Moradores Antônio Camargo e Adalgizo Ferreira mostram o projeto de revitalização.

Cada bairro tem a sua peculiaridade, e a do Novo Jardim Pagani são suas vielas. Algumas são conhecidas na cidade por sua beleza exposta em formas e cores nos jardins, enquanto outras preocupam os moradores pelo abandono em que se encontram (leia mais nas próximas páginas). 

Tal preocupação levou a Associação de Moradores a se reunir diversas vezes com a Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Semma), que elaborou um projeto de reurbanização básica previsto para ser colocado em prática pela Secretaria de Obras no início do segundo semestre deste ano. 

O projeto visa, sobretudo, revitalizar o passeio dos pedestres que, diariamente, utilizam as vias para encurtar caminhos. Poucas calçadas estão conservadas e há vielas intransitáveis. “O projeto ficou parado um tempo na Secretaria Municipal de Planejamento (Seplan) e foi liberado recentemente para a Obras. Estamos lutando há dois anos pela reurbanização das vielas que estão desativadas e abandonadas”, pontua Adalgizo Ferreira, presidente da Associação de Moradores do bairro.

A infraestrutura básica com calçamento, terraplenagem, rampas de acessibilidade, muretas para evitar o tráfego de veículos, guias, entre outros itens, ficará a cargo da Secretaria de Obras, segundo o próprio secretário Sidney Rodrigues. Já os serviços de jardinagem e gramado serão executados pela Semma.

“Posteriormente, a pretensão da Associação é fazer parcerias com as empresas localizadas no bairro para que elas adotem as vielas que não estão sendo cuidadas por moradores para termos todas elas com jardim. Também queremos fazer um trabalho de conscientização com os moradores para a manutenção dessas vias públicas”, acrescenta Adalgizo. 

A expectativa é de que, ainda em 2013, ao menos oito das 18 vielas sejam reurbanizadas. “O restante ficará para o próximo ano. Isso nos foi garantido pelo secretário de Obras e estamos contentes com a conquista junto ao poder público”, afirma Adalgizo.

Vielas

Há 18 vielas no Novo Jardim Pagani com 8 metros de largura e aproximadamente 55 metros de comprimento cada. Elas foram construídas para facilitar a passagem dos pedestres de uma rua para outra devido à grande extensão das quadras do bairro, com cerca de 120 metros de comprimento. Com isso, há ruas que possuem três ou mais vielas fazendo essas ligações. Mais do que facilitar o passeio, quando bem cuidadas, elas se transformam em jardins e pomares públicos. Na foto, equipe da Emdurb faz limpeza em uma delas.

Orçamento

De acordo com o secretário de Obras, Sidney Rodrigues, ainda não existe uma noção exata do orçamento destinado à reforma das vias. Entretanto, a mão de obra será da prefeitura e os gastos ficarão por conta do material necessário. “Acredito que não será um trabalho muito dispendioso porque apenas quatro vielas precisam de uma reurbanização total, enquanto as outras precisam ser recuperadas.”

Sem cuidados, vielas podem esconder muitos perigos

Mais do que embelezar e transformar o Novo Jardim Pagani em exemplo de cidadania, o projeto de reurbanização das vielas do bairro, elaborado pela Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Semma) com a ajuda da Associação de Moradores do bairro e já na Secretaria de Obras, também objetiva aumentar a segurança dos transeuntes e evitar a proliferação de insetos e animais peçonhentos, que encontram abrigo no mato e no entulho que se acumula nesses espaços.

“Sendo conservadas, as vielas também representam mais segurança aos moradores. Com o mato alto criam-se esconderijos para vândalos. Sabemos de alguns casos de tentativa de estupro e assalto a transeuntes. Marginais de passagem pelo bairro aproveitam para se esconder em terrenos baldios com mato, e com vielas mal cuidadas é a mesma coisa”, preocupa-se Antônio Morales de Camargo, 1º secretário da Associação de Moradores do Novo Jardim Pagani.

Ainda de acordo com Antônio, a maior parte dessas vielas fica em total abandono durante quase todo o ano. “Eventualmente a Emdurb faz uma limpeza nelas, entretanto, podemos dizer que isso ocorre apenas uma vez por ano. O problema se agrava em época de chuvas, quando o mato e o capim crescem muito. Enquanto o projeto de reurbanização não é colocado em prática, nós precisamos que essa limpeza seja regular”, observa.

O secretário da associação de moradores ressalta que a iluminação, instalada recentemente nas vielas, diminuiu a escuridão que facilitava ainda mais a ação de marginais e inutilizava a função original das vielas, ou seja, o trânsito de pedestres.

Caminho livre

Deixar o caminho livre para os pedestres transitarem em segurança pelas vielas é o principal foco do projeto de reurbanização das vielas, segundo membros da Associação de Moradores, uma vez que estas foram pensadas para encurtar as distâncias entre as ruas e, hoje, muitas estão intransitáveis por falta de manutenção dos terrenos.


Peçonhentos

Outra preocupação dos moradores do bairro é com o acúmulo de lixo. Há quem aproveite o mato das vielas para depositar entulho no local e, segundo os vizinhos, há até quem venha de outros bairros para jogar sujeira ali. “É preciso ter manutenção constante para erradicar as moradas de escorpiões, caramujos, aranhas, cobras, além dos criadouros de mosquitos transmissores de doenças como a dengue, por exemplo”, enfatiza Antônio.

Bloqueadas

Não é difícil encontrar vielas bloqueadas no Novo Jardim Pagani. Grades e até mesmo muros foram colocados por moradores. Há quem diga que tal ação foi feita como medida preventiva contra a criminalidade para evitar que pessoas mal intencionadas utilizem o lugar como esconderijo. Entretanto, pelo bairro é possível encontrar até mesmo vielas muradas há anos, o que é irregular, segundo representantes da associação de moradores.

“Conversamos com alguns residentes e eles se propuseram a regularizar a situação, ou seja, desbloquear essas vielas assim que receberem uma notificação da prefeitura. O problema é que elas ficaram sem iluminação, porque os muros e cercas impediram o trabalho da CPFL”, aponta Antônio.

De acordo com o secretário de Obras, Sidney Rodrigues, será preciso abrir essas vias de acesso público por meio de uma notificação da Secretaria Municipal de Planejamento (Seplan). 


Do mato ao encanto das flores

Inconformado com o lixo, mato, buracos e animais peçonhentos que tomavam conta da viela em frente à sua casa, há cerca de dois anos o aposentado Osmar Antônio Godoy decidiu levantar as mangas e fazer do espaço um colorido jardim, que agrada a vizinhança e enche os olhos de quem passa pelas ruas Maestro Oscar Mendes e Luiz Bonetti, ligadas pela viela. 

“Eu ficava olhando aquele terreno da minha casa e pensando sobre o que fazer para as pessoas pararem de jogar lixo nele. Cheguei a recolher uma lata de 20 litros de caramujos e cinco caminhões de entulho. Hoje, não jogam mais lixo, mas uma embalagem ou outra e bitucas de cigarro eu sempre encontro, mesmo com as duas lixeiras presentes”, relata.

Morador do Novo Jardim Pagani há quase 40 anos, “seo” Osmar contou com a ajuda de alguns parceiros, como comerciantes do bairro, e levou sete meses para transformar o matagal em jardim, com direito até a grafitagem nos muros. Ele plantou mais de 100 mudas e usou cerca de 1.200 garrafas pet para ornamentar os canteiros.

E quem passa pelo lugar só faz elogios para a ação do aposentado. A dona de casa Maria Aparecida Rodrigues vive na rua Maestro Oscar Mendes há três anos e diz que o jardim feito por Osmar trouxe beleza e mais alegria ao bairro. “Foi uma mudança incrível. Bom seria se todas as vielas fossem bonitas como esta”.

Mas, segundo o aposentado que adotou a viela oficialmente junto à Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Semma), foi uma luta deixar o local caprichado. “No início, os canteiros amanheciam revirados e mudas foram furtadas. Hoje, digo com prazer que fiz algo de bom pelo meu bairro e isso me faz muito feliz. Gostaria que outros moradores tomassem a mesma atitude ou ao menos zelassem pelo bairro onde vivem”, finaliza.

Por amor à beleza

O amor de Marlene Baruffaldi Stevanato pelas plantas é tamanho que ela decidiu fazer dele um belo jardim ao cuidar da viela ao lado de sua casa, na rua Mário Manoel Sales Algodoal. Há mais de duas décadas, o entulho e todo tipo de lixo imaginável deu lugar à “viela da dona Marlene”, enfeitada por margaridas, manacás, tulipas, coqueiros, pinheiros, entre muitas outras plantas.

Assim como aconteceu com “seo” Osmar, “dona” Marlene também precisou de muita paciência e perseverança para ver as mudas crescerem e encherem o caminho dos pedestres de cor. Enquanto algumas plantas não vingavam, outras eram levadas por quem passava pelo lugar... “Para vingar uma muda, eu precisei plantar cinco ou seis.

Até guarda-chuva eu colocava nas mudinhas para protegê-las do sol”, acrescenta.

Mas todo o trabalho de anos e anos é recompensado quando a alegre senhora vê a beleza de hoje e se lembra do lixo de antes. “A alegria não cabe em mim. Também fico feliz porque vejo que a minha boa atitude serviu de exemplo para outras pessoas. Precisamos espalhar boas sementes”, afirma.
Além das vielas de dona Marlene e de seo Osmar, ao menos outras duas recebem os cuidados de moradores do Novo Jardim Pagani, gente que se esforça para tornar o cotidiano mais belo e agradável.

Matéria originalmente publicada no Jornal da Cidade de Bauru e região

Nenhum comentário:

Postar um comentário