Matéria originalmente publicada no jornal Bom dia Bauru, na edição de 03/06/2011
Sai pra lá, mosquito
Crianças de dão exemplo e viram ‘professores’ de seus pais no combate à dengue no Jardim Pagani
Juliana Lobato/Agência BOM DIA
Crianças da Emei Dorival Teixeira de Godoy no “corredor” da dengue criado por eles na escola: conscientização como arma na luta da cidade contra o mosquito Aedes aegypti
Na escola, a antiga lógica alunos sentados e escutando o professor ensinar uma lição já é coisa do passado.
Para combater a dengue, a Emei (Escola Municipal de Ensino Infantil) Dorival Teixeira de Godoy, que fica no Jardim Pagani, resolveu inovar: os alunos viraram “professores”.
Crianças de 1 a 5 anos colocaram a mão na massa e construíram um espaço dentro da escola para servir de laboratório contra a dengue.
“Foram os alunos que construíram esse corredor, que traz todas as informações para que a dengue possa ser combatida”, explica a diretora da unidade, Evaldna Lurdes de Jesus.
Pneus, garrafas, sacos plásticos e todo o material que pode acumular água parada fazem parte do cenário criado pelos alunos para alertar sobre os perigos da doença.
“É importante criar, dentro da escola, a conscientização dessas crianças. Eu já peguei dengue, pais de alunos e os próprios alunos também”, revela Edvaldna.
Combate / Sofia de Oliveira Caçador, 5 anos, é um dos exemplos das crianças que incorporaram o espírito do combate à doença.
“Não pode, não. Se juntar esse monte de sujeira é perigoso o mosquito pegar a gente”, orienta.
“É importante lutar contra a dengue. O Aedes [mosquito transmissor da doença] é perigoso e pode matar a gente”, complementa Eduarda Cristina Bernardes de Souza, 5.
Os pais dos alunos da Emei também foram convidados para conhecer o laboratório criado pelos alunos. Entre eles, um consenso: a atitude da escola em parceria com as crianças é fundamental para a diminuição dos casos de dengue em Bauru.
“Se todos fossem orientados desde cedo contra a doença, hoje as coisas estariam diferente”, afirma o motorista Carlos Eduardo Ferreira, 30, que é pai de uma aluna.
Para Evaldna Lurdes, é essencial que as crianças aprendam desde cedo a trabalhar com os assuntos que são problemas na sociedade.
“Quanto mais cedo você explica para uma criança sobre os problemas à sua volta, mais chances ela tem de aprender o recado que estamos passando”, explica.
Um dos mais empolgados com as ações desenvolvidas na Emei Dorival Teixeira era Rafael Gomes Zanini.
Com timidez e poucas palavras, o garoto de 5 anos resumiu qual era o intuito das atividades na escola. “Sai pra lá, dengue. a gente não quer você aqui”, disse, aos gritos, para uma maquete.
Em crianças, a dengue pode ficar ‘escondida’
Os sintomas da dengue nas crianças são mais leves. É preciso ter atenção à prevenção da doença e aos cuidados com o pequeno infectado para que a doença não seja diagnosticada apenas como uma virose.
3.835 - Este é o número de casos de dengue em Bauru em 2011
CUIDADOS EXTRAS
Nunca medique a criança enquanto não consultar um médico
Os sintomas da dengue, muitas vezes, confundem-se com os sintomas de um resfriado ou de uma virose. A medicação errada pode trazer complicações para uma criança, já que o seu organismo é mais frágil comparado ao de um adulto.
Eliminar focos para reprodução do mosquito é a melhor prevenção
No entanto, a melhor maneira de prevenir a dengue é evitar a formação de criadouros do mosquito Aedes aegypti. Não deixar água acumular em pneus, sacos plásticos ou garrafas vazias é uma alternativa.
Pingar algumas gotas de água sanitária nos vasos de planta com pratinhos de água ou nas bromélias evita que o mosquito deposite ovos no local.
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